quinta-feira, 2 de junho de 2011

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
Faculdade de Artes Visuais
Licenciatura em Artes Visuais
DISCIPLINA: Estágio Supervisionada IV
Acadêmicas: Claudia Flavia de Andrade Barbosa
Maria Neuma Gonçalves de Aguiar
Wanderléia Aparecida Alves
Professora orientadora: Márcia Bulha Siqueira


O FOTÓGRAFO

Difícil fotografar o silêncio
Entretanto tentei. Eu conto:
Madrugada a minha aldeia estava morta.
Não se ouvia um barulho, ninguém passava entre as casas.
Eu estava saindo de uma festa.
Eram quase quatro da manhã.
Ia o silêncio pela rua carregando um bêbado.
Preparei minha máquina.
O silêncio era um carregador?
Estava carregando o bêbado.
Fotografei esse carregador.
Tive outras visões naquela madrugada.
Preparei minha máquina de novo.
Tinha um perfume de jasmim no beiral de um sobrado.
Fotografei o perfume.
Vi uma lesma pregada na existência mais do que na pedra.
Fotografei a existência dela.
Vi ainda um azul-perdão no olho de um mendigo.
Fotografei o perdão.
Olhei uma paisagem velha a desabar sobre uma casa.
Fotografei o sobre.
Por fim eu enxerguei a nuvem da calça.
Representou para mim que ela andava na aldeia de braços com Maiakovski - seu criador.
Fotografei a nuvem na calça e o poeta.
Nenhum outro poeta no mundo faria uma roupa mais justa para cobrir a sua noiva.
A foto saiu legal.
                                                                                     Manoel de Barros, 2000.

Para Refletir:
Fotografe o que melhor represente esse poema.
Não é duelo, só uma maneira de cada um mostrar seu olhar, seu modo de ver.



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